quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Breve história da Psicologia como ciência: do Estruturalismo ao Behaviorismo Radical


Olá !!! Pessoal, essa parte do texto foi escrita por mim durante a minha monografia de especialização .. 
1.1 – A história do Behaviorismo.
O Estruturalismo
Edward Bradford Titchener (1867-1927), discípulo de Wundt, introduziu suas teorias da Alemanha para os Estados Unidos, e desenvolveu o estudo experimental da mente humana, realizado por meio da introspecção ou auto-observação. Segundo Titchener, a introspecção, definida como um relato verbal baseada na vivência, só podia ser realizada cientificamente por observadores bem treinados que tinham de reaprender a perceber para que pudessem descrever seu estado consciente (Marx e Hillix, 1973).
Titchener formou um grupo fechado de seguidores dedicados e um dos seus princípios era acreditar que uma totalidade psicológica era formada de elementos que deveriam ser desvendados e compreender como eram compostos. Esses elementos eram considerados como conteúdos conscientes e mentais, e assim era aplicado a introspecção sistemática. A tarefa da psicologia era desvendar a estrutura e o conteúdo da mente humana, através da introspecção sistemática (Wertheimer,1976).
Apesar de Titchener ser discípulo de Wundt, ele introduziu algumas inovações. Wundt nomeava os elementos em sensações, imagens e sentimentos, enquanto Titchener classificava os elementos em sensações, imagens e afeições (Wertheimer,1976).
Schultz(2005) explica que Titchener se concentrava nos elementos ou conteúdos mentais, assim como na conexão mecânica mediante ao processo da associação, entretanto descartava a doutrina da apercepção defendida por Wundt. O seu enfoque estava nos elementos propriamente ditos e, na sua opinião, a principal tarefa da psicologia consistia na descoberta da natureza das experiências conscientes elementares e a determinação da estrutura da consciência mediante a análise das suas partes componentes.
Diferente de Wundt, Titchener utilizava a introspecção ou auto-observação com relatos detalhados, subjetivos e qualitativos dos processos mentais de um indivíduo. Titchener analisava a experiência consciente dando importância às partes e o Wundt analisava como um todo. Apesar das críticas quanto ao modelo adotado por Titchener, alguns aspectos são empregados em várias áreas da psicologia até no momento atual (Schultz,2005).
O Funcionalismo
O Funcionalismo surgiu em duas universidades, uma foi em Chicago com um sistema autoconsciente e a outra em Columbia com uma atitude mais inconsciente, e isso se espalhou pela América. O objetivo dessas universidades era investigar o “por quê” da experiência e do comportamento, sendo que a síntese da experiência era um exame das funções adaptativas da mente para o organismo (Wertheimer,1976).
Os funcionalistas de Chicago eram Dewey, Angell, Carr e Mead, e os funcionalistas de Columbia eram o Thorndike e o Woodworth. O funcionalismo em Chicago teve suas origens no estruturalismo da Alemanha e foi estudado por William James. O funcionalismo serviu como passagem entre o estruturalismo e o behaviorismo, sendo que o estudo dos processos adaptativos do organismo, umas das crenças do funcionalismo, foi pesquisado pelos behavioristas também (Wertheimer,1976).
Essa escola foca no funcionamento da mente e o seu uso para adaptação ao ambiente. Esse movimento se inspirou nos trabalhos de Darwin e Galton que estudavam o modo operandi dos processos conscientes e não a estrutura ou conteúdo. O funcionalismo começou a analisar o funcionamento da mente e não a sua função. Havia como pesquisadores de laboratórios acadêmicos os psicólogos americanos James, Angell e Carr e os outros estudiosos da área, aplicavam a abordagem em ambientes fora das universidades (Schultz, 2005).
O Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo Radical
Behaviorismo Metodológico
Na Idade Média, a igreja observava o comportamento do homem como duas naturezas, o dualismo: uma divina e mental e outra material e física. Essa teoria influenciou o início do surgimento do behaviorismo, que tinha o dualismo como base dos seus estudos (Matos, 2013).
O behaviorismo de Watson e Guthrie surgiu contra o mentalismo e introspeccionismo, obtendo informações com experimentos. Watson defendia que o comportamento era aprendido e as causas de um comportamento eram influenciados pelos seus antecedentes (Matos, 2013).
O behaviorismo metodológico chamado também como realismo, diz que existe o mundo real e o sujeito que dá o surgimento das experiências. O foco do realismo era estudar os sentidos que o homem percebia e emitia, através de métodos da observação do mundo externo. No behaviorismo metodológico ou real, os eventos comportamentais são descritos de uma forma mecânica, próximo a sua fisiologia (Baum, 1999).
Os behavioristas metodológicos analisavam o comportamento de uma forma objetiva, coletando dados sensoriais sobre o mundo externo do sujeito em que todos poderiam compartilhar e concordar. O foco era somente estudar o comportamento público das pessoas, isto é, o importante era analisar o que era observado na interação entre pessoas e outros contextos, assim ignorando a consciência. O homem não tinha contato direto com o mundo real, logo tinha a percepção dele, então não há explicação ou lógica de acreditar que o mundo realmente exista (Baum, 1999).
Behaviorismo Radical
Na década de 1930, a psicologia era explicada com bases mentalistas, ou com a noção de reflexos elaborado por Pavlov e apropriada por Watson, ou pela Lei de Efeito elaborada por Thorndike. Este sistema de causa e efeito era muito criticado, assim surgindo as descrições funcionais entre fatos. Baseado na concepção funcional de Mach, Skinner formula sua teoria por descrições de relações funcionais entre as alterações ambientais e o comportamento. O comportamento não teria apenas o estímulo-resposta, influenciado no paradigma reflexo. Seu comportamento teria a relação e influência com as suas consequências. No entanto, um organismo ao se comportar pode modificar o ambiente e alterar o seu comportamento (Ferreira, 2008).
O Behaviorismo Radical foi criado pelo Skinner na década de 40, e ao nomear sua teoria ele usou a palavra radical por significar raiz, com a intenção de ser uma menção exclusiva que englobe e aceite todos os fenômenos da psicologia (Isidro, 2013).A principal preocupação de Skinner era por uma explicação verdadeiramente científica a respeito do comportamento, ele sustentava que o caminho estava no desenvolvimento de termos e conceitos que permitissem tais explicações. Assim, Skinner rotulou a sua própria posição de Behaviorismo Radical (Baum, 1999). O Behaviorismo Metodológico não estudava os eventos privados e a instrospecção praticada por Wuldt e Titchener, não era considerada como um saber científico, sendo por isso atacada. Porém, veio o Behaviorismo Radical com uma teoria diferente não negando o estudo da auto-observação e do autoconhecimento, assim renovando o conceito de introspecção (Skinner, 1974).
Como o Behaviorismo Metodológico não tinha por base a auto-observação e o autoconhecimento, logo o Behaviorismo Radical restabeleceu um contato com essas definições, considerando os eventos privados ocorridos dentro da pele, através da observação e verificando a sua subjetividade (Skinner, 1974). O behaviorismo radical estuda o comportamento objetivo e subjetivo, através da utilização de conceitos e termos. (Baum, 1999). Skinner faz uma investigação sistemática do comportamento ao interpretar as informações obtidas, que seriam descrições das relações funcionais entre o comportamento e ambiente. Essa linha da psicologia não estuda a existência da mente e foca nos eventos internos, não aceita o dualismo e nem o mentalismo que é materialista e evolucionista. Ela estuda as contingências e as relações funcionais, assim, não acredita que a mente, as emoções e o sistema nervoso teria alguma relação com o comportamento (Matos, 2013).
No Behaviorismo Radical, os eventos privados são observados somente pela própria pessoa e pode ser analisado através da instropecção. Já os eventos públicos são acessados por várias pessoas. Os eventos privados e eventos públicos têm uma relação funcional por serem da mesma natureza, tendo como diferença somente o acesso. Logo, o mundo privado é desvendado quando há o compartilhamento de informações e participação em uma comunidade verbal. (Gongora, 2013)
Outra característica metodológica fundamental de Skinner foi a ênfase sobre o comportamento operante, em comparação com o comportamento respondente. Skinner estabeleceu a distinção entre respostas produzidas em reação direta à estimulação (resposta respondente) e aquelas que são emitidas pelo organismo na ausência de qualquer estimulação externa aparente (respostas operantes) (Schultz, 2005).

Skinner também desenvolveu um trabalho sobre o controle do comportamento de animais, trabalhou primeiro com ratos e depois com pombos. Nessas pesquisas desenvolveu o método de modelagem. A modelagem é obtida proporcionando ao animal uma recompensa (reforço) se a sua resposta se aproxima da resposta desejada. Mediante o cuidadoso controle das condições experimentais, Skinner desenvolveu uma descrição coerente do comportamento. Aumentando a capacidade de previsão e controle do comportamento de organismos por parte dos psicólogos, desde o rato ao homem. Skinner, desse modo, exerceu um profundo impacto sobre o desenvolvimento da psicologia e sobre os mais jovens psicólogos (Marx e Hillix, 1973).

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